Ívan o terrível no Alentejo
Foi exibido pela primeira vez nesta aldeia
não longe do Torrão onde nasceu Bernardim
Ivan o Terrível O ecrã era um lençol enorme
estendido como um olho branco entre dois sobreiros
Os camponeses fitaram esse olho inquieto cheio
de sombras de lírios durante horas sem fim
Ou era que a eternidade concentrara
por detrás do pano o magnetismo do mundo
Muito mais tarde os camponeses regressaram
através da charneca Com eles ia o olho branco
levando-os pela mão E ajudava as crianças
a atravessar esperanças apenas de riachos
Chegaram por fim às suas cabanas Tarde
E pela primeira vez os homens esperaram que as mulheres
se descalçassem e se lavassem da poeira
do caminho Depois beijaram-lhes os pés
Os pares de namorados foram ainda procurar
résteas de um seco rio Num pequenino charco
procuraram em vão rosto de Ivan Mas ele ardia
alto e ardia ainda num céu de pano branco
Alexandre Pinheiro Torres in "Círculo de poesia" - Moraes Editores 1981
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Adília Lopes - O meu tempo
Agora as pessoas
não sabem morrer
estar doentes
sofrer
ter prazer
tocar-se
dantes também não
( Ó mais nu
e branco dos homens)
Adília Lopes in "O Peixe na Água" E etc.
não sabem morrer
estar doentes
sofrer
ter prazer
tocar-se
dantes também não
( Ó mais nu
e branco dos homens)
Adília Lopes in "O Peixe na Água" E etc.
Luiz Pacheco
XXVI
Melhor que a mulher é o vinho
que faz esquecer a mulher...
que faz dum amor já velhinho
ressurgir novo prazer.
Finale, muito católico
XXVII
Asiim termina o Lamento
pois recordar é sofrer.
Ama e fode. É bom sustento!
E por nós reza um pater.
Luiz Pacheco in "Coro dos Cornudos" - Contraponto
Melhor que a mulher é o vinho
que faz esquecer a mulher...
que faz dum amor já velhinho
ressurgir novo prazer.
Finale, muito católico
XXVII
Asiim termina o Lamento
pois recordar é sofrer.
Ama e fode. É bom sustento!
E por nós reza um pater.
Luiz Pacheco in "Coro dos Cornudos" - Contraponto
SESSÃO DE POESIA MEXICANA - CAFÉ PROGRESSO / POETRIA
domingo, 28 de setembro de 2008
Emily Dickinson
657
Habito na possibilidade -
Uma casa mais bela do que a prosa –
Com mais janelas –
E portas - maiores
Salas como Cedros –
Que o Olhar não alcança –
E como Tecto Imperecível
Os limites do Céu –
Visitantes – os mais belos –
Ocupação – Esta –
Abrir ao máximo as minhas Mãos finas
Para colher o paraíso -
Emily Dickinson – tradução de Nuno Júdice
Habito na possibilidade -
Uma casa mais bela do que a prosa –
Com mais janelas –
E portas - maiores
Salas como Cedros –
Que o Olhar não alcança –
E como Tecto Imperecível
Os limites do Céu –
Visitantes – os mais belos –
Ocupação – Esta –
Abrir ao máximo as minhas Mãos finas
Para colher o paraíso -
Emily Dickinson – tradução de Nuno Júdice
Os três pastorinhos búlgaros
Nossa Senhora não se esquece da Bulgária,
Depois da escola os três pastorinhos vão lanchar
Pães com manteiga molhados no café com leite
Leite quente – faz frio – na montanha
Muito frio na montanha BRRHh
Nossa Senhora não se esquece do povo búlgaro,
Dá-lhes frio quando é preciso e sol quando é preciso,
Quando é preciso os búlgaros também têm neve,
As ovelhas sobem a montanha seguindo os passos dos
Três pastorinhos – sobem as ovelhas, sobem as pessoas,
descem as ovelhas, descem as pessoas
descem a montanha, as pessoas e as ovelhas
Nossa senhora não se esquece da Bulgária
Aparece sempre bela e provocante aos búlgaros
no seu vestido de seda vermelha,
braços macios, não feitos de luz, mas de carne humana
ajoelham-se diante dela á sombra duma oliveira
Os três pastorinhos búlgaros
Nuno Brito 2008
Depois da escola os três pastorinhos vão lanchar
Pães com manteiga molhados no café com leite
Leite quente – faz frio – na montanha
Muito frio na montanha BRRHh
Nossa Senhora não se esquece do povo búlgaro,
Dá-lhes frio quando é preciso e sol quando é preciso,
Quando é preciso os búlgaros também têm neve,
As ovelhas sobem a montanha seguindo os passos dos
Três pastorinhos – sobem as ovelhas, sobem as pessoas,
descem as ovelhas, descem as pessoas
descem a montanha, as pessoas e as ovelhas
Nossa senhora não se esquece da Bulgária
Aparece sempre bela e provocante aos búlgaros
no seu vestido de seda vermelha,
braços macios, não feitos de luz, mas de carne humana
ajoelham-se diante dela á sombra duma oliveira
Os três pastorinhos búlgaros
Nuno Brito 2008
sábado, 27 de setembro de 2008
As idólatras formigas do mal
O vento frio assobia e corre dentro do osso
Voando triste de um lado ao outro do esqueleto;
Sem medo,
Percorre-o até ao arrepio,
Os ossos das mãos, os finos ossos dos dedos,
As extremidades violentas das pessoas dentro dos carros pretos,
Passa um barco a apitar de uma ponta à outra do crânio
A medula, a caixa craniana ressoa
Quando batida como um tambor contra os faróis de um camião
A medula, A caixa craniana,
Os ossos das mãos, os finos ossos dos dedos
A Rússia inteira com fome,
Com todos os seus dedos e articulações
Sagrada família esculpida em açúcar
apocalipse em braille…
As idólatras formigas do mal comem um menino Jesus de açúcar
Nuno Brito, 2008
Voando triste de um lado ao outro do esqueleto;
Sem medo,
Percorre-o até ao arrepio,
Os ossos das mãos, os finos ossos dos dedos,
As extremidades violentas das pessoas dentro dos carros pretos,
Passa um barco a apitar de uma ponta à outra do crânio
A medula, a caixa craniana ressoa
Quando batida como um tambor contra os faróis de um camião
A medula, A caixa craniana,
Os ossos das mãos, os finos ossos dos dedos
A Rússia inteira com fome,
Com todos os seus dedos e articulações
Sagrada família esculpida em açúcar
apocalipse em braille…
As idólatras formigas do mal comem um menino Jesus de açúcar
Nuno Brito, 2008
A Fome da primeira Loba
I.
A menina sem braços tenta alterar a ordem das coisas,
A menina sem braços, ela
Só ela, claro, consegue alterar a ordem das coisas, Ela
Só ela claro,
a menina é loba e tem leite e fertilidade
Como só as grandes lobas, tem realmente Poder
A menina não é Deus
A menina tem mais sangue e é mais coisa …
II.
Não é real o menino com fome
Não é real o dragão
Não é real o tiro na boca
Não é real
A lama a entrar na veia
Não é real,
Não é real,
Não é real…
III.
É urgente acabar com todas as guerras, porque há mais guerras em espera que só podem começar quando estas tiverem acabado. E as nossas metralhadoras, a quem as podemos vender senão aos nossos inimigos e aos filhos deles? Para que ao menos eles tenham qualquer coisa com que nos atacar, não somos assim tão cruéis. Damos-lhes as pedras com que nos atiram à cara.
IV.
Onde há ursos polares há repórteres a fotografarem ursos polares
Ou a comerem ursos polares,
Onde há petróleo há xerifes de turbante a injectar leite condensado directamente no osso …
O pasteleiro bate a massa e isso é natural
O vidreiro esculpe o vidro e isso é natural…
V.
Que se foda todo o simbolismo,
Aqui temos pessoas a sério de carne e osso
Físicas e não simbólicas
Pasteleiros, montadores de andaimes, condutores de gruas, exorcistas,
Todos pagam o IRS a tempo,
Todos choram ao fim do dia, em frente aos crucifixos invisíveis do pensamento
Todos vêm os jogos do Chelsea!
Os pasteleiros amassam a massa e acreditam na vida além da morte.
Os vidreiros esculpem o vido e acreditam na vida além da morte.
Os vidreiros sopram a cerâmica, a platina, o gesso
As gaivotas e os albatrozes ficam com as patas presas no petróleo e isso é natural. Às vezes uma borboleta é atingida involuntariamente por um esguicho de urina e as suas asinhas não conseguem mais bater. Uma dolorosa morte que de tão natural e pacífica ultrapassa todas as melhores visões do Universo… O assassino da natureza entra depois no seu carro e segue o seu caminho…
VI.
Pelas costas frias de mármore sobe um caracol …
RIP
Indiferente à vida e à morte
pelas asas de mármore de um anjo-menino
Costas de mármore,
Esculpida.
Cimentar, fortalecer uma relação.
………………………….
Construir laços, de quê?
Mudar os gestos
mudou
foi,
A lâmpada partiu-se mas contínua acesa…
Nuno Brito - 2008
A menina sem braços tenta alterar a ordem das coisas,
A menina sem braços, ela
Só ela, claro, consegue alterar a ordem das coisas, Ela
Só ela claro,
a menina é loba e tem leite e fertilidade
Como só as grandes lobas, tem realmente Poder
A menina não é Deus
A menina tem mais sangue e é mais coisa …
II.
Não é real o menino com fome
Não é real o dragão
Não é real o tiro na boca
Não é real
A lama a entrar na veia
Não é real,
Não é real,
Não é real…
III.
É urgente acabar com todas as guerras, porque há mais guerras em espera que só podem começar quando estas tiverem acabado. E as nossas metralhadoras, a quem as podemos vender senão aos nossos inimigos e aos filhos deles? Para que ao menos eles tenham qualquer coisa com que nos atacar, não somos assim tão cruéis. Damos-lhes as pedras com que nos atiram à cara.
IV.
Onde há ursos polares há repórteres a fotografarem ursos polares
Ou a comerem ursos polares,
Onde há petróleo há xerifes de turbante a injectar leite condensado directamente no osso …
O pasteleiro bate a massa e isso é natural
O vidreiro esculpe o vidro e isso é natural…
V.
Que se foda todo o simbolismo,
Aqui temos pessoas a sério de carne e osso
Físicas e não simbólicas
Pasteleiros, montadores de andaimes, condutores de gruas, exorcistas,
Todos pagam o IRS a tempo,
Todos choram ao fim do dia, em frente aos crucifixos invisíveis do pensamento
Todos vêm os jogos do Chelsea!
Os pasteleiros amassam a massa e acreditam na vida além da morte.
Os vidreiros esculpem o vido e acreditam na vida além da morte.
Os vidreiros sopram a cerâmica, a platina, o gesso
As gaivotas e os albatrozes ficam com as patas presas no petróleo e isso é natural. Às vezes uma borboleta é atingida involuntariamente por um esguicho de urina e as suas asinhas não conseguem mais bater. Uma dolorosa morte que de tão natural e pacífica ultrapassa todas as melhores visões do Universo… O assassino da natureza entra depois no seu carro e segue o seu caminho…
VI.
Pelas costas frias de mármore sobe um caracol …
RIP
Indiferente à vida e à morte
pelas asas de mármore de um anjo-menino
Costas de mármore,
Esculpida.
Cimentar, fortalecer uma relação.
………………………….
Construir laços, de quê?
Mudar os gestos
mudou
foi,
A lâmpada partiu-se mas contínua acesa…
Nuno Brito - 2008
Exorcismo ao pasteleiro do século XXI
I.
Elas dormem de mãos dadas em Minamara
As duas gémeas
Com as suas cabecitas encostaditas,
Como duas lobas com toda a fertilidade
As duas meninas ainda sem mamas
São mais braços e pernas entrelaçadas que outra coisa
Num labirinto pouco geométrico mas muito quente
uma respiração única
A febre causa-lhes um único sonho delirante:
Por toda a cidade estão a enforcar girafas no cimo das gruas.
Por todo o lado há girafas mortas amarradas no cimo das gruas
Às vezes cavalos brancos também são enforcados
As duas gémeas continuam abraçadas
Agora com uma respiração mais rápida e ofegante
As duas meninas são já uma só coisa…
O vento atira-lhes areia para a cara.
II.
Sai droga do olho de Maria
Jesus partiu-se ao meio e tinha cocaína dentro,
Os carneiros e os bois também se partiram em bocados…
A porcelana está mais assustadora
Maria injecta o caldo na veia…
III.
Não há droga no bairro chic
Hoje vais ter que injectar vinagre chic…
IV.
Poderoso vidente trabalha amarrações fortíssimas
Precisa-se cortador/a para trabalhar no talho
Dinheiro: empresto na hora sobre o seu carro e também sobre casas
Tel: XXXXXXXXXXX
Um crucifixo fluorescente e extremamente triste cumpre a sua missão
O pescador contínua sem aparecer,
os pescadores nunca aparecem
Nuno Brito, 2008
Elas dormem de mãos dadas em Minamara
As duas gémeas
Com as suas cabecitas encostaditas,
Como duas lobas com toda a fertilidade
As duas meninas ainda sem mamas
São mais braços e pernas entrelaçadas que outra coisa
Num labirinto pouco geométrico mas muito quente
uma respiração única
A febre causa-lhes um único sonho delirante:
Por toda a cidade estão a enforcar girafas no cimo das gruas.
Por todo o lado há girafas mortas amarradas no cimo das gruas
Às vezes cavalos brancos também são enforcados
As duas gémeas continuam abraçadas
Agora com uma respiração mais rápida e ofegante
As duas meninas são já uma só coisa…
O vento atira-lhes areia para a cara.
II.
Sai droga do olho de Maria
Jesus partiu-se ao meio e tinha cocaína dentro,
Os carneiros e os bois também se partiram em bocados…
A porcelana está mais assustadora
Maria injecta o caldo na veia…
III.
Não há droga no bairro chic
Hoje vais ter que injectar vinagre chic…
IV.
Poderoso vidente trabalha amarrações fortíssimas
Precisa-se cortador/a para trabalhar no talho
Dinheiro: empresto na hora sobre o seu carro e também sobre casas
Tel: XXXXXXXXXXX
Um crucifixo fluorescente e extremamente triste cumpre a sua missão
O pescador contínua sem aparecer,
os pescadores nunca aparecem
Nuno Brito, 2008
Pudim de droga
No Aleixo as pessoas têm dores violentas,
Em Freiburg também
Às vezes no Aleixo uma língua de mármore engole uma criança,
Roubada aos pais no meio da noite
– as mães que dormem têm de sentir culpa -
As crianças são levadas para o inferno,
passam a ser alimentadas a pudins de droga
Doces pudins que fazem delirar,
Fazer coisas más
Cogumelos que fazem ver luzes
crescem nos bosques do Aleixo
As fadas vão comprar toalhetes
no intervalo entre os clientes
Em Freiburg também
Às vezes no Aleixo uma língua de mármore engole uma criança,
Roubada aos pais no meio da noite
– as mães que dormem têm de sentir culpa -
As crianças são levadas para o inferno,
passam a ser alimentadas a pudins de droga
Doces pudins que fazem delirar,
Fazer coisas más
Cogumelos que fazem ver luzes
crescem nos bosques do Aleixo
As fadas vão comprar toalhetes
no intervalo entre os clientes
No bosque do Aleixo, as musas…
Para lá do bosque do Aleixo está
O povo, filosoficamente caracterizado dentro
dos seus apartamentos – todos abanam as línguas – todos têm cabelos a roçar
por trás do ouvido – Quando chove no bosque
do Aleixo, as musas vêm cá fora apanhar a roupa,
Ao sábado no bosque do Aleixo um velho planta nabos
Tem cinco metros quadrados e unhas sujas –
As seringas no chão são chupadas pelos ratos
Os preservativos esquecidos no meio do bosque
Ainda com sémen desperdiçado – Os ratos vêm comer os preservativos
Para lá do bosque do Aleixo está o povo filosoficamente caracterizado
Para lá está o cinema, a filosofia, a vida!
O povo, filosoficamente caracterizado dentro
dos seus apartamentos – todos abanam as línguas – todos têm cabelos a roçar
por trás do ouvido – Quando chove no bosque
do Aleixo, as musas vêm cá fora apanhar a roupa,
Ao sábado no bosque do Aleixo um velho planta nabos
Tem cinco metros quadrados e unhas sujas –
As seringas no chão são chupadas pelos ratos
Os preservativos esquecidos no meio do bosque
Ainda com sémen desperdiçado – Os ratos vêm comer os preservativos
Para lá do bosque do Aleixo está o povo filosoficamente caracterizado
Para lá está o cinema, a filosofia, a vida!
Sonho violento de uma girafa recém nascida
I.
A embriaguez do corpo,
A embriaguez dos gestos,
Mãos entrelaçadas, braços pernas…
Adoro quando te vens dentro de mim
Adoro quando ficas e explodes dentro de mim!
II.
Sylvia Plath liga o forno
Mussolini gesticula violentamente
Ainda depois da delapidação?
link link link link …
III.
Um finíssimo fio de gelo sobe e desce pela espinha dorsal dos paralíticos
Está revestido a seda e por ele circula informação muito secreta
Faz com que os homens não caiam
A embriaguez do corpo,
A embriaguez dos gestos,
Mãos entrelaçadas, braços pernas…
Adoro quando te vens dentro de mim
Adoro quando ficas e explodes dentro de mim!
II.
Sylvia Plath liga o forno
Mussolini gesticula violentamente
Ainda depois da delapidação?
link link link link …
III.
Um finíssimo fio de gelo sobe e desce pela espinha dorsal dos paralíticos
Está revestido a seda e por ele circula informação muito secreta
Faz com que os homens não caiam
Pesadelo para quatro gémeos indianos
Não chore senhor lobo!
Os profetas comem os seus pães com marmelada
nas traseiras de uma fábrica de empilhadores.
e ainda há petróleo dentro da esfinge
Não chore senhor Lobo!
A fome é uma alucinação das fadas guineenses,
A energia nuclear também serve para iluminar os quartos das meninas assustadas.
Os pais vêm ao quarto dar-lhes um beijo na testa macia
Não chore senhor lobo
As catanas também são utilizadas para cortar melancia.
não chore senhor lobo, não chore senhor lobo
Os profetas comem os seus pães com marmelada
nas traseiras de uma fábrica de empilhadores.
e ainda há petróleo dentro da esfinge
Não chore senhor Lobo!
A fome é uma alucinação das fadas guineenses,
A energia nuclear também serve para iluminar os quartos das meninas assustadas.
Os pais vêm ao quarto dar-lhes um beijo na testa macia
Não chore senhor lobo
As catanas também são utilizadas para cortar melancia.
não chore senhor lobo, não chore senhor lobo
Labirinto com touro dentro
No meio do labirinto dorme um touro de sonhos violentos
No meio do labirinto dorme uma menina de sonhos violentos
A meio do sonho, a menina bebe o leite
O leite que acalma as meninas e os touros,
O leite de uma fêmea jaguar que descansa no meio dos morangos,
Com as facas aguçadas os talhantes tentam entrar no labirinto
Para matar o touro, porque não acreditam em mitologia
E porque os mitos não alimentam ninguém.
Os homens do talho vão depois pagar os seus impostos,
Teseu também está com a ficha de IRS ainda por preencher
Declara às finanças que tentou matar um touro,
As virgens fazem um broche ao touro
O touro vem-se para dentro de uma taça dourada
A bebida que está na taça não é mitológica
Nem simbólica
Com o seu vestido da cor do vinho e com as suas tranças
Chora para dentro do leite
Chora leite para dentro do leite
Chora no seu labirinto…
Nuno Brito 2008
No meio do labirinto dorme uma menina de sonhos violentos
A meio do sonho, a menina bebe o leite
O leite que acalma as meninas e os touros,
O leite de uma fêmea jaguar que descansa no meio dos morangos,
Com as facas aguçadas os talhantes tentam entrar no labirinto
Para matar o touro, porque não acreditam em mitologia
E porque os mitos não alimentam ninguém.
Os homens do talho vão depois pagar os seus impostos,
Teseu também está com a ficha de IRS ainda por preencher
Declara às finanças que tentou matar um touro,
As virgens fazem um broche ao touro
O touro vem-se para dentro de uma taça dourada
A bebida que está na taça não é mitológica
Nem simbólica
Com o seu vestido da cor do vinho e com as suas tranças
Chora para dentro do leite
Chora leite para dentro do leite
Chora no seu labirinto…
Nuno Brito 2008
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