quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Abismo à Portuguesa

para Vítor Teves


I.



Tenho medo que Jesus não me esporre hoje na boca

não me esporre hoje na boca senhor jesus!

Senhor jesus senhor jesus senhor Jesus

“Escrever é corrigir a vida”[i]

E o esperma que escorre dos lábios de Maria

há de gerar um Semi-Deus Forte

feito para desenhar

uma anunciação a tinta dourada quando houver tinta dourada



Trezentas mil ovelhas caminham rumo a um “abismo à portuguesa”

O decifrador de sinais vê nesta frase uma absurda falta de simbologia,

Ele sabe que eu adoro de uma forma bem primitiva um hitler recém nascido

Com as suas cuequitas apertadas e o rugido do mundo que clama por uma Mão de Ferro



Deliro só de imaginar o seu doce esperma quentinho na minha boca

De Mona a Lisa

De Lenine



Ontem dei a mão a virgílio, Ele guiou-me pela tua boca,

Conduziu-me à máxima experiência humana,

O estremecimento de um holocausto digital

Bem fundo nos teus olhos

A Anunciação



Nuno Brito


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[i] Enrique Vila-Matas.

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